quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Reabilitação Sexual na Paraplegia por Lesão Medular - Relato de Caso

 A lesão medular (LM) é uma grave síndrome incapacitante, acarretando alterações na motricidade, sensibilidade, sexualidade, controle esfincteriano, entre outras. Atinge preferencialmente adultos jovens, do sexo masculino, produtivos e sexualmente ativos. Os déficits de ordem sexual podem acarretam prejuízos emocionais, que com freqüência geram sentimentos de desvalorização e tristeza, interferindo diretamente na progressão da reabilitação.
 Paciente J.A.A.S., 38 anos, paraplegia por lesão medular completa, nível motor e sensitivo T12 pós-trauma, há 30 meses, realizando tratamento fisioterapêutico no serviço de reabilitação da Santa Casa de São Paulo (ISCMSP), com boa evolução. Há quatro meses apresentou piora no quadro motor, enquanto queixava-se de disfunção sexual e difícil relacionamento com a parceira.
Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da reabilitação sexual no processo de reabilitação física do paciente com LM.
A reabilitação contou com a participação de uma equipe transdisciplinar, onde foram realizados: acompanhamento psicológico, intervenção médica para reeducação intestinal e vesical e posteriormente administração de medicação para disfunção erétil e orientações quanto á posicionamento e mobilidade realizadas pela fisioterapia.Após três meses de tratamento, observou-se melhora dos aspectos psicológicos e físicos, que interferiam na evolução clinica do paciente, tais como: melhora do tempo de ereção, e conseqüentemente da satisfação sexual e auto-estima, maior participação da parceira no relacionamento, melhora do quadro motor e maior motivação durante as terapias.
 A sexualidade é multidimensional, comportando as dimensões físico-biológicas, psicológicas e sócio-culturais. O grau de disfunção orgânica e sexual está diretamente relacionado com o nível, a extensão da lesão, e o tempo pós-lesão.
Tanto o desejo sexual quanto a importância atribuída á vida sexual tendem a diminuir após a LM, bem como a freqüência com que estes indivíduos têm relações sexuais. Fato esse atribuído a baixa auto-estima e á importância dada aos aspectos funcionais e do desempenho sexual.
Além de realizar orientações quanto à sexualidade e função sexual após a lesão, não devemos nos ater ao comportamento sexual de uma forma isolada, mas levar em conta a relação do casal, onde as vivências antes da lesão são muito importantes. O controle esfincteriano, também nos parece importante, pois permite uma relação interpessoal mais segura.  


 Na incapacidade funcional real, devemos atuar no reestabelecimento e na redefinição da sexualidade deste pacientes, lembrando sempre que, esta não se limita a impossibilidades motoras, mas envolve, inclusive a afetividade e desta forma deve ser explorada em todos os níveis.

Conclusão: Tais resultados nos levam a concluir que a orientação e reestabelecimento da função sexual fazem parte do sucesso da reabilitação do paciente paraplégico, portanto, mais estudos precisam ser realizados na área de sexualidade afinal, ela não termina com a lesão, mas continua até o fim da vida do ser humano.

Este trabalho foi realizado no ano de 2006 pelo autores:  Ferrari PP, Pavan K, Lianza S , Carvalho NAA.

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